Metaverso: como as Big Techs ignoraram a criança interior dos consumidores e perderam a guerra
- W. Gabriel de Oliveira
- 15 de out. de 2024
- 3 min de leitura

Ao ler o artigo da Wired intitulado "Where Have All the Chief Metaverse Officers Gone?" (WIRED, 2023), é impossível não refletir sobre a volatilidade do mundo da tecnologia. O Metaverso, outrora vendido como a grande próxima fronteira, parece ter perdido sua força. Executivos de grandes empresas que foram nomeados para conduzir essa suposta revolução tecnológica estão, de repente, desaparecendo de seus postos, readaptando-se em novas funções e rumando para outras "creches digitais". Como aponta o texto da Wired, essa reviravolta é um exemplo claro de como a narrativa de inovação pode ser efêmera quando não compreende o que realmente move o consumidor.
Em tempos de guerra entre as big techs sobre quem dita as próximas inovações, é curioso perceber que quem realmente tem o poder é o consumidor. São os consumidores que:
usam ou não as plataformas lançadas,
compram ou não os produtos criados,
votam ou não nos políticos que as empresas apoiam,
elevam ou não uma marca, seja ela produto, pessoa ou ideia.
Esse poder, contudo, está longe de ser reconhecido pelas grandes empresas de tecnologia, que continuam a disputar a atenção dos consumidores como quem conduz uma boiada. O problema é que, enquanto essas empresas brigam entre si, o consumidor usufrui daquilo que mais se adequa a ele, ou seja, aquilo que conversa com suas necessidades e preferências no momento. O que as big techs parecem ignorar é que, enquanto focam em liderar a manada, o consumidor segue com o que lhe é conveniente, ou mesmo encontra novas alternativas quando as promessas não se concretizam.
A ascensão e queda do Metaverso é o exemplo perfeito dessa desconexão entre o que as empresas querem empurrar e o que o consumidor está disposto a aceitar. Lançar um produto, uma plataforma ou uma ideia, como fizeram com o Metaverso, está longe de ser sinônimo de sucesso. Isso ocorre porque sucesso, no cenário atual, não é apenas criar algo novo, mas sim encantar o consumidor, fazê-lo fã do produto e criar uma conexão emocional duradoura. No entanto, nem isso é garantia de sucesso eterno. O consumidor é volátil, exigente e sempre em busca de novidades.
A tarefa de encantar os consumidores ser constante, um processo de reinvenção contínua das empresas, para se adequar ao gostos, desejos e insatisfações desse consumidor.
De forma crítica, percebe-se que o erro das empresas de tecnologia, incluindo as envolvidas na promoção do Metaverso, foi justamente essa falta de compreensão da “criança interior” do consumidor. Esse consumidor, embora seja uma massa de indivíduos, é guiado por emoções, desejos e até impulsos que precisam ser entendidos e acolhidos pelas marcas.
O desafio das big techs não é criar um filho - ou, nesse caso, um fã - que se contente com o que é oferecido. Ao contrário, elas precisam compreender para onde o consumidor está caminhando, quais obstáculos ele pode encontrar pelo caminho e como isso afeta sua trajetória.
Sem essa compreensão, o consumidor, como uma criança que se sente negligenciada, pode simplesmente desistir e buscar outro caminho. Quando isso acontece, não adianta as marcas chamarem ou insistirem - não é assim que se cria uma relação duradoura com seu público.
O Metaverso foi uma invenção que ignorou a complexidade desse consumidor. As empresas falharam ao não compreender que, para ganhar a atenção, o engajamento e o desejo do consumidor, é preciso ir além de inovações tecnológicas. É necessário conhecer profundamente a jornada emocional desse público, suas expectativas e frustrações. Do contrário, o consumidor, como uma criança insatisfeita, pode simplesmente se irritar, mudar de caminho e deixar para trás as promessas vazias de um futuro que não se concretizou.
Referência Bibliográfica
WIRED. Where Have All the Chief Metaverse Officers Gone? Wired. Disponível em: https://www.wired.com/story/where-have-all-the-chief-metaverse-officers-gone/. Acesso em: 14 out. 2024.
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